Não é que voltou mesmo?

Inclinava o meu olhar para a direita, as luzes dos holofotes pareciam chamar-me nessa direcção enquanto isso partilhava a mesma atmosfera contigo. Não era que não quisesse cruzar o meu olhar com o teu, na realidade não queria, mas sabes o que é a força do coração? Quando te puxa mesmo que tudo pareça errado? Colidi contigo outra vez, horas depois de ter abandonado aquela multidão ofegante e feroz. Parecia mentira, depois da razão ter convencido o coração a fugir, e da imaginação ter traçado o lugar mais seguro para permanecer, ao contornar aquela aresta tinha de suceder definitivamente algum impacto. O meu plano desmoronou. Munia-me apenas de inteligência e intuição. Das duas uma, ou utilizava a inteligência e traçava um mapa que me levasse dali antes que o coração decidisse voltar para traz, ou então a minha intuição estaria certa, enquanto a razão e o coração estavam fugitivos restava-me gastar um pouco da minha espontaneidade. Decidi agir por intuição e fui forte, mas o coração conseguiu correr mais e fugiu da razão. Quinhentos e setenta e dois dias antes havia acontecido o mesmo. Que razão é esta, tão fraca que deixa o coração prevalecer quando é ela que deveria tomar o comando?